domingo, 31 de maio de 2009

Noventa e quatro dias


Já se passaram noventa e quatro dias e no entanto parece que tudo já se passou há anos. Ainda assim, continuo a sentir a tua falta exactamente como sentia no primeiro dia, nada melhorou como disseram que ia melhorar e o sentimento de perda adensa-se a cada dia que passa. Perdemos muito em vários aspectos e não há retorno a dar. Só sei que preciso de ti. Por mais que procure sobrepor o sorriso à recordação que se esbate em mim, é demasiado irreal fingir que sou feliz sem ti por perto. A minha cabeça amotina cada pequeno detalhe e não chega a lugar nenhum. Juro-te, só precisava que continuasses a ser o melhor amigo '$

Queres tirar mais alguma coisa de mim?


Num tempo denominado antigamente, eu sempre encontrava as palavras certas para descrever a forma como me encontrava e o que sentia em relação a tudo. Mas num tempo que chamam de presente ou agora, mas que eu sinto parado, tendo a não conseguir dizer o que preciso de dizer. A minha cabeça fervilha de ideias, mas quando pego na caneta e procuro expor tudo aquilo a que me proponho no papel, a imaginação vai-se, a inspiração esfuma-se e eu fico com dois utensílios de escrita na mão sem saber o que lhes fazer. Nesses momentos sinto-me ridícula, afinal tudo o que tem sucedido só me daria mais razões para realizar a minha já habitual catarse emocional, mas fico incapacitada, olhando hirta para as linhas vazias e procurando um novo fio condutor para as minhas ideias. As minhas palavras são hoje, para mim, algo de difícil alcance.
Já não sei escrever como antigamente, até isso me fizeste perder, obrigadinha.

sábado, 23 de maio de 2009

Renovação


Eu queria entender tudo, eu queria ter esse poder que toda a humanidade almeja. Eu queria poder perceber o que se passou no passado, queria poder saber o que se vai passar no futuro e acima de tudo queria compreender o presente. Eu queria muitas coisas, e tenho poucas. Saberia eu lidar com tudo? Não sei agora, não consigo lidar de forma alguma com nada do que se passa a meu redor. A necessidade de acreditar e de ser forte costuma prevalecer em mim, mas por vezes torna-se difícil. Quase impossível até. Eu sei que a vida é um sistema de aprendizagens contínuas, eu sei que seremos sempre meros errantes a desempenhar papéis trocados, eu sei que nunca nada será como queremos, mas eu peço sempre mais, eu preciso sempre de mais. Eu preciso de encontrar tudo o que não tenho e depois perder. Mas quando perco fica o vazio, nada me preenche, sorrio mas por dentro o sentimento existente não proporciona sorrisos verdadeiros. Que eu sorrisse sempre e verdadeiramente, não seria pedir muito. Que os papéis não se trocassem, que o tempo não apagasse nada, que cada sentimento e história se preservassem no decorrer da minha vida, não queria muito mais. Preciso de sorrir verdadeiramente a tempo inteiro, mas não sou capaz. Preciso de me renovar. A questão é: como faço isso?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Catarse



O texto que se segue é a minha tentativa de catarse emocional, é o descarregar de muitas emoções contidas dentro de mim, é a descrição de tudo o que sucedeu no antes e depois do falecimento da Amélia. É um testemunho extenso e muito pessoal.


Quando faleceste eu julguei que iria escrever sobre isso, a toda a hora me vinham frases e palavras à cabeça para descrever o que eu estava a sentir e o que todos os outros sentiam também. Mas o que é facto é que na altura não tive a coragem necessária para dar asas à minha alma e fazer-te o que eu posso apelidar de homenagem escrita. Volvidas duas semanas e meia, encontro-me a tentar transpor para o papel o que senti, as tormentas que me assaltaram, as lágrimas que rolaram em mim e nos outros, sentimentos desconexos, caras taciturnas à minha volta, a incompreensão espelhada nas faces, conversas que tive com os mais importantes da tua vida. Sabes, é estranho estar a escrever-te quando já não estás entre nós, é estranho dirigir-te um escrito, é estranho falar-te ao coração como se ele ainda batesse. Mas não encontro outra forma de escrever tudo o que preciso, e acima de tudo, o que conseguir escrever, já que tenho a certeza de que muito ficará por te dizer. Os dias que antecederam a tua morte (estranho como agora uso a palavra com relativa normalidade), foram surreais. Uma semana antes, quando te visitei nos cuidados intensivos eu tive a certeza de que ficarias curada, de que mesmo não voltando a usufruir de uma vida normal irias voltar a sorrir entre nós. Olhei para ti, e apesar de alterada pelo coma, eu via-te quase como antes do acidente. Eu sei que era um pouco obra da minha cabeça, eu não queria aceitar que estavas da forma que estavas, foi-me mais fácil refugiar na imagem que sempre tive de ti. Recordo-me perfeitamente da angústia que se apoderou de mim antes de entrar no bloco onde estavas, afinal as descrições que todos tinham feito davam conta que estavas bastante modificada pelo acidente e pelo coma, o que era bastante verdade, e eu não sabia como te ia encontrar. Ao percorrer aqueles corredores brancos e vazios junto com o teu filho, eu pensava no que iria conseguir dizer, se me conseguiria conter diante dele e na forma como ele iria reagir. Quando chegámos à tua cama, ele agarrou a tua mão com força e confesso que nesse momento quase chorei, mas procurei manter-me forte, e consegui. Conversei com ele distraindo-o do contexto em que estávamos, e quando ele me disse assertivamente que irias estar acordada para lhe dar os parabéns no dia de aniversário dele, eu acreditei com ele, eu pensei que sim, que irias conseguir. Durante as duas semanas de internamento, não foi fácil, o aniversário do teu filho estava a chegar, a tua filha acreditava que ia falar contigo no Dia da Mãe. E eu caí também na teia de ingenuidade deles, mas afinal todos precisávamos de acreditar fortemente que ias ficar bem. Quando eles jantavam todos cá em casa, as lágrimas começavam sempre a rolar-lhes pela cara, eu nem sempre me consegui conter, mas sei que fui exímia no apoio que sempre lhes prestei. A tua filha encontrou mais do que nunca uma amiga em mim, e encontrará sempre. Os olhares de agradecimento que o teu marido me fazia ao reconfortar os vossos filhos valiam milhões, de facto, nessa altura senti-me tão, mas tão útil. Passada então uma semana de ter estado no hospital, no dia do aniversário do teu filho, ao ouvir uma conversa apercebi-me de que falavam que a operação não te tinha feito ficar melhor e que já só te restavam poucas horas. O meu coração deve ter parado, era como se aquilo não pudesse acontecer, ainda hoje eu não sei aceitar isso, nem me convencer de que já te foste para sempre. Pensei na dor dos teus filhos, eu precisava estar com eles, mas eles estavam longe, eu ia ter que esperar. Foi um dia estranho para mim, era como se tal fosse impossível acontecer, simplesmente não fazia qualquer sentido. Era sexta-feira. No sábado, os meus pais, também no seu sofrimento pela amiga que se ia, pelo amigo que ficava cá sozinho com os três filhos, disseram-me que por causa da autópsia o funeral só ia ser na segunda ao final da tarde. Eu pensei que era demasiado tempo de espera para todos, só ia aumentar o sofrimento daqueles que gostavam de ti. Mas não havia nada a fazer. Eu só pensava como é que os teus filhos e marido estariam. Até que chegou domingo. Pela primeira vez desde a tua morte, vi os teus filhos. Sabes, com o mais velho nunca tive grande confiança, mas estava solidária com ele também. O do meio, eu não sabia como chegar a ele. Ele fechou-se numa concha e não deixava as mágoas saírem cá para fora, procurava aparentar uma força interior que já não possuía. Senti-o desamparado e apoiei-o da forma que pude. Mas com a mais nova, a tua filha, quando cheguei ao quarto onde ela estava, não aguentei mais. A forma como ela chorava e expressava a injustiça de que se sentia alvo fizeram-me revelar a minha fraqueza. Mas fui buscar todas as minhas forças e abracei-a com força, acho que nunca tinha empreendido tanta força num abraço. Sei que ela se sentiu mais amparada e isso reconfortou-me. Sei que ela encontrou em mim a escapatória para todas as pessoas que lá vinham dizer os malditos pêsames e dizer que percebiam o que ela estava a passar. Não, ninguém percebia, nem mesmo eu. E os pêsames para ela eram terríveis, mas ninguém compreendia que isso é do pior que se pode dizer naquela situação. Saímos daquela casa e viemos passear. Nesse momento senti-me ainda mais útil, relembro a forma como rimos juntas, as conversas banais que conseguimos ter apesar de tudo o que se passava ali perto. Eu sei que foi bom para ela. E, graças a deus, todos perceberam isso mesmo e sugeriram que ela dormisse em minha casa. Eu recordo-me de pensar como iria ser, se ainda tinha estofo para a fazer esquecer tudo o que se estava a passar por muito mais tempo. E consegui, deu-me muita satisfação fazê-la sentir-se feliz por instantes. Naquele conjunto de dias, eu aprendi o quanto era bom sentirmo-nos úteis, fazermos bem a alguém. Sabes, eu olhava para ela sentada na minha secretária, rindo comigo e fazendo todas as coisas que sempre fazia quando cá vinha, e pensava que aquela não era a rapariga a quem tinha acabado de morrer a mãe. Senti-me feliz por estar a fazer alguém feliz. Dormimos, no dia seguinte ao acordarmos custou-me imenso ter de abandoná-la durante a manhã, mas lá teve que ser. Confesso que durante a manhã consegui estar bem, alhear-me também eu do que se estava a passar. Depois chegou a tarde, a hora do funeral aproximava-se e eu sabia que cada vez ia ser mais complicado. Enquanto não vieste, a tua filha esteve comigo, ora animada, ora a chorar no meu ombro. Recordo também o gesto que tive com o teu filho, naquele momento senti que ele era ainda mais frágil do que aparentava e que precisava também do meu apoio. Quando chegou a carrinha funerária ao sítio onde a esperávamos, e partimos atrás dela, nunca mais nenhum de nós se conteve. Ir no carro só com os teus filhos e marido custou-me imenso, eles choravam uns pelos outros, eu já não sabia que mais dizer para os reconfortar, eu já não controlava também o meu choro, eu já não me sentia suficiente para apoiar a tua família, mas fiz tudo o que pude. Chegados à igreja, com duas horas de atraso graças à autópsia, tive de os abandonar. Todos respeitamos a vontade do teu marido e filhos, de ficarem algum tempo sozinhos contigo dentro da igreja e de te verem, apesar do estado de decomposição que já deverias aparentar. Lá dentro, só ficaram vocês e o meu pai. O teu marido pediu que ele ficasse, para lhe dar apoio. Recordo-me de nesse momento ter sentido que o meu pai de facto era um pilar importante para o teu marido. A minha mãe e a vossa melhor amiga aguardavam na sacristia e eu chorava à porta, nos ombros que minhas amigas e amigas da tua filha me ofereceram. Elas foram importantes. A minha dor era complicada de descrever. Eu sofria pela amiga mais velha que representavas para mim, pela amiga de família que nos eras, pelos teus filhos, pelo teu marido, pela minha mãe de quem eras a melhor amiga, pelo meu pai de quem o teu marido é o melhor amigo. Sofria por multiplicadas razões e o funeral foi muito complicado para mim. Depois no teu enterro tudo o que aconteceu foi surreal, não há descrição possível. Quando de novo consegui chegar junto dos teus filhos, estes tinham tomado calmantes e foi um regozijo ver que estavam calmos e mais sorridentes, apesar do que se tinha acabado de passar. Naquela altura, abençoei o facto de existirem remédios tão preciosos. A noite caía, tivemos de vir para casa, mais uma vez foi muito difícil. Os dias seguintes têm-se passado entre tentativas de animar a tua família, de os fazer regressar à vida que tinham. Acredita que todo o apoio necessário lhes está a ser concedido por nós. Na tua falta, cuidaremos deles.

Desculpa escrever-te desta forma tão pessoal, mas foi a forma que encontrei para mais uma vez tentar aceitar o que sucedeu.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Cartas


Eu não escrevo cartas, mas se calhar era-me mais fácil escrevê-las e enviar-tas ao invés de escrever e pensar coisas que nunca serei capaz de te dizer cara a cara. De facto, em vários aspectos consigo ter muito pouca audácia. Tenho vindo a ganhar bastante noção de que ficou muito por te dizer, e afinal de contas vai continuar por dizer. Eu queria que tudo tivesse terminado de forma diferente. Sempre te pedi muito pouco, estou farta de referir isto, as minhas palavras já se repetem sucessivas e sucessivas vezes. Mas é a verdade, eu pedi-te muito pouco, apesar de todo o amor que sempre nutri por ti, nunca te exigi o mesmo da tua parte. Nunca. Apenas te pedi, várias vezes, que a nossa amizade nunca terminasse, que fôssemos os melhores amigos, como aconteceu durante os nossos meses, sim, nossos. Sempre me afirmaste que esse sentimento de amizade iria permanecer para sempre, que velhos iríamos estar juntos a rir, sempre como amigos. O meu pensamento nunca voou tão longe assim, afinal de contas para “velhos” ainda é muito tempo, mas imaginava a nossa amizade a perdurar mais uns aninhos. Durante todo o tempo em que foste o meu melhor amigo, eu procurei adormecer o amor que sentia por ti. De certa forma foi uma tentativa falhada, ou talvez não. Quando eu estava contigo, ainda que fosse pelo que era, tu eras um amigo, eu não podia deixar que amores se intrometessem no nosso caminho, isso sempre acaba por estragar tudo. Por isso, deixei de lado essa minha vertente amorosa, sempre procurei manter acesa apenas a chama da amizade, sempre procurei cultivar a amizade, só e só a amizade, e tu sabes bem disso. Mas nem tudo tem um final feliz. Eu não sei quem errou, eu não sei sequer se alguém errou, o que é certo é que não houve um final feliz, nem sequer um final infeliz. Simplesmente, de certa forma, não aconteceu um final. As coisas estagnaram. De um momento para outro, não houve mais nenhuma palavra, mais nenhum sorriso, mais nenhum toque, mais nenhum encontro, mais nenhuma conversa, mais nenhuma amizade. Nem sequer posso dizer que estejamos zangados, isso irrita-me, mas nós nunca nos zangamos por acontecimento algum. Apenas deixamos de falar, queira isso dizer o que quer que seja. Até hoje, permaneço sem compreender. Não há nada em que eu gaste mais tempo a pensar, a minha cabeça permanece absorta a engendrar que raio aconteceu, que raio se passa connosco, a tentar perceber o porquê de termos deixado de ser amigos. Caramba, eu sempre disse “não, ele não há-de ser um bom tipo pa namorar, eu gosto dele, mas não o quero para namorado. Mas amigo, amigo sim, ele é das melhores pessoas que já conheci, eu quero-o como meu melhor amigo, apenas”. Repeti tantas e tantas vezes esta ladainha, eu sabia que era isto o que a minha cabeça e o meu coração ditavam, eu nunca tive quaisquer duvidas, por isso não duvides tu disto. Sabes, não pedi quase nada mesmo, em comparação a tudo o que me poderias dar. Tu, a pouco e pouco, foste-me pedindo muito, sim, pediste. E recordo-me plenamente de me dizeres “agarra-me para sempre porque não te quero perder”. Para mim o “para sempre” seria impossível talvez, mas fiz questão de te agarrar, fiz questão de que não me perdesses. Mas afinal eu não valia assim tanto para ti, não significava tanto assim. Não tiveste problemas em me perder. Arranjaste rapidamente forma de me substituir, mas eu nunca fui capaz de te substituir, mas afinal de contas os significados são diferentes. Mas para mim os amigos não se substituem, se eles saem da minha vida é por iniciativa própria. Tu saíste por tua própria iniciativa, magoaste-me demasiado. Nunca serás capaz de imaginar o quanto, deixaste uma dor tão dilacerante, é demasiado irreal. Na minha cabeça, nunca seria concebível eu vir a sofrer tanto por um homem, mas o que se passa é isso mesmo, eu sofro por um homem. Às vezes quanto mais fortes somos, mais fracos nos apresentamos quando necessitamos de ter toda a força. Se calhar, gastámo-la em situações em que não seria tão necessária, procuramos mostrá-la em todas as situações e o que acontece é que a nossa força é uma energia esgotável. E a minha força para lidar com tudo o que se cinge a ti esgotou-se, eu já não sei ser forte como era usual ser. Tiraste-me as forças ou fui eu que tive que as empreender no total enquanto estive contigo, para não me deixar ir abaixo? Ver-te agora com essa tipa é estranho, eu vejo-te a fazeres com ela o que fizeste comigo, eu vejo-a no meu lugar, eu vejo-a a tomar para ela o que é (ou foi) meu. Engraçado porque enquanto eras meu amigo para mim tornava-se quase aceitável teres outras, eu sabia que não eras meu, mas sabia que eras meu amigo e isso bastava-me. Podias estar com trinta que isso não iria mudar nada (ou quase nada), claro que me fazia confusão, mas lá está, eu tinha a tua amizade (ou assim achava) e isso bastava para me preencher. E afinal de contas eu fui compactuando com o facto de dares atenção a outras, até de te envolveres com outras. Tu eras apenas meu amigo e como tal eu não te exigia seres exclusividade minha. Claro que a forma como nos envolvemos ia para além da amizade, mas mesmo assim não me dava direitos sobre coisa nenhuma, e eu respeitava isso. Durante aqueles meses suspeitei de muita coisa, durante aqueles meses tive quase a certeza que nuns dias estavas comigo, noutros estavas com uma das outras, mas nós só nos envolvíamos na busca de um relacionamento quase físico, eu sei que não eram laços de amor que ali existiam. Mas volto a dizer, eras o meu melhor amigo e isso bastava-me. Mas agora, agora eu já não tenho de suprimir o amor que tenho por ti, já que a amizade já não existe, logo já não tem que ser preservada. E o amor voltou em toda a sua força à superfície, e ao contrário do que eu esperava que acontecesse após o nosso afastamento, ele não se está a esvair, está sim a aumentar. Não sei se alguma vez te disse, mas sempre tive dificuldade em aplicar termos como um ‘amo-te’, ‘amor’, etc. Isto com os que te precederam. Mas contigo nunca tive qualquer receio de os dizer, eu sabia que era isso mesmo que eu sentia, eu sei que te amo, e sou capaz de o afirmar sem pesos na consciência, ao contrário do que fiz com outros antes de ti. Eu não brinco com os sentimentos, eu sempre precisei de aplicar alguma racionalidade nos meus laços afectivos, e contigo perdi alguma dessa racionalidade. Quando entraste na minha vida, de certa forma mudei. Ganhei alguns aspectos positivos, e outros negativos, claro. Com o tempo aprendi a viver com a forma como hoje sou, e em parte tu ajudaste. Trouxeste muito à minha vida, e quando te foste levaste grande parte dela. Sempre representaste um papel importante em tudo o que me envolve, sempre foi tudo feito a pensar em ti, em todos os momentos estavas dentro da minha cabeça, do meu coração, em mim. E agora estás a conseguir destruir-me, eu não consigo dormir, eu não consigo estar concentrada a trabalhar, eu não consigo estar com as minhas amigas sem ficar melancólica pelo que nos aconteceu, eu não consigo sequer escrever como antigamente. As palavras faltam-me, a inspiração foi-se, as frases mais que arquitectadas não surgem. Destruíste a pessoa quase fantástica que eu era, levaste a minha felicidade constante. Antigamente, eu só não ria quando estava a dormir, agora só rio em escassos momentos. Estou demasiado taciturna, duvido de tudo à minha volta, questiono todas as minhas outras amizades, deixei de ser a pessoa alegre que era. Sim, destruíste-me mais do que alguma vez eu pensei alguém vir a fazer, nunca pensei deixar-me levar assim. Não encontro pontos semelhantes entre o agora e o antes. Mudaste imenso, nunca pensei que fosses uma pessoa assim, eu confiava em ti, eu confiava naquilo que eras, naquilo que representavas, eu defendia-te perante tudo e todos. Agora não sei mais a pessoa que és, não encontro paralelismos entre o amigo que conheci e o desconhecido que agora estranho. E pior do que tudo, não me reconheço a mim própria. Só te queria de novo como meu melhor amigo, nada mais.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Gelo


Não imaginas a quantidade de pensamentos desconexos e adversos que se passaram na minha cabeça durante aqueles minutos semelhantes a eternidades. Duas faces do mesmo sentimento, se é que assim é correcto dizer. Queria estar ali e queria fugir de lá. Queria que estivesses lá connosco e queria que te fosses embora rapidamente. Queria sentar me ao teu lado e queria permanecer afastada. Queria falar contigo e queria desprezar a tua conversa. Queria olhar te nos olhos e queria fugir do teu olhar. Queria sentir a tua pele de novo e queria nem sequer sentir o teu perfume por perto. Queria poder dizer te tanta coisa e queria nem te dirigir sequer a palavra. Queria estar ali sozinha contigo e queria uma multidão à nossa volta. Queria que tudo fosse diferente do que foi. Mas acima de tudo, confirmei que estar na tua presença me faz agora imensa confusão.
Só as minhas duas parolas do coração puderam sentir o gelo que se instalou entre mim e ti. Satisfez dúvidas?

Inexplicável


Sabes, sinto que ainda tenho muito mais para te dizer, mas não consigo encontrar as palavras precisas para descrever o turbilhão de emoções que vai dentro de mim, nem a audácia necessária para expressar tudo o que merecias ouvir e apreender. Não há forma de explicar o quanto me desiludes a cada dia que passa. Sei que cada vez mais preciso de te esquecer definitivamente, de te odiar até. Sinceramente não vejo outra forma de deixar de te amar, se bem que actualmente já te odeio e amo simultaneamente. Existem coisas difíceis de se explicar.E ver-te ali, não sozinho, sorrindo como sorrias para mim destruiu-me ainda mais. Causaste danos durante todo o tempo e ainda continuas a causar.
Às vezes preferia ser menos eu. Preferia ser menos complicada. Preferia nunca te ter tido.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Não vou a lado algum


Eu precisava de te conseguir dizer que já te esqueci, que já não te amo. Mas não consigo mentir. Tudo está ainda aceso em mim. Por mais que procure sobrepor o sorriso à recordação que se esbate em mim, é demasiado irreal fingir que sou feliz sem ti por perto. Há páginas e páginas de quimera escritas por ambos, e (in)felizmente não terminaram. Gostava de poder afirmar que terminaram sim, afirmar tudo assertivamente, mas não posso. Ficou muito por dizer, acima de tudo ficou muito por sentir. Queria poder dizer palavras bonitas sobre nós, mas já nada pode descrever de forma bela o que somos. Porque nós somos nada. De tudo passamos a coisa nenhuma. Persistem coisas em mim que não sou capaz de entender. A minha cabeça amotina cada pequeno detalhe e não chega a conclusão alguma. Juro-te, só queria perceber tudo, perceber porque nos deixamos de falar subitamente, perceber porque deixamos uma amizade que eu julgava grande terminar abruptamente, perceber em que erramos. Só queria poder voltar atrás e corrigir o que de mal houve. Eu preciso de ti, não te pedia tanto como o que tivemos, só precisava da amizade. De saber que eras incondicionalmente o meu melhor amigo, não necessitava de tudo o resto. Fazes demasiada falta, volta de novo para mim.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Últimas horas


Restam algumas horas apenas. Sempre detestei esperar, mas para te ver sorrir de novo entre nós esperava o tempo que fosse preciso. As últimas horas, ainda por cima quando já sabemos o que vai suceder são as mais difíceis, reterei isso para sempre. Estupidez de vida!

Já sentimos a tua falta :$