quarta-feira, 4 de março de 2009
Infelizmente fictício
Naquele dia, em que as teimosas nuvens insistiam em querer aparecer no céu intensamente pintado de azul, surgiste ali como pingo de chuva que cai sem estarmos à espera. Eu estava ali sentada, aguardando a hora de me ir embora. Surgiste de forma repentina e misteriosa, envergando a tua t-shirt azul com um boneco que revelava a tua parte infantil, as tuas Levi’s já algo gastas e os teus Ray-ban de hastes douradas, que te davam imensa pinta. Chegaste como teu sorriso maroto e deste-me um beijo na face, que me soube a pouco. Depois de tudo o que eu já havia recebido de ti, um beijo na face era realmente muito pouco. Falaste, eu falei, tomámos uma conversa de circunstância. Finalmente, resolveste sentar-te. Ao meu lado. Aproximando-nos um pouco, fomo-nos enredando na conversa, cada vez mais agradável. Relembrámos velhos tempos, memórias bem resguardadas na nossa alma, os nossos bons momentos. Começámos a envergar olhares nostálgicos, as palavras já não chegavam para descrever a saudade que discorria de nós a cada segundo que passava. O confronto de olhares era inevitável, o mundo tinha paralisado e se calhar eu também estava a entrar nesse estado. Nunca saberei, no entanto, descrever a forma como o meu coração batia acelerado e, simultaneamente, tudo o resto estava a parar. Criou-se um momento de silêncio constrangedor, eu percebi que era esse o instante certo, era essa a minha vez de actuar. Percebi que estava na altura de dizer a nossa deixa, percebi que silence moment imperava ser pronunciado. E sim, de facto, foi esse o momento certo, essa a nossa oportunidade de restituir algum brilho à nossa história inacabada, esse o momento de sentir de novo o fervor dos teus lábios ao sentirem os meus. Senti de novo a boa sensação de te beijar, percorrer te com as minhas mãos, como se de território estranho ao meu tacto se tratasse. Senti de novo o calor humano que antes me oferecias e aconcheguei-me mais nos teus braços. Olhamo-nos olhos nos olhos e senti de novo o teu afecto a chegar até mim. Abraçamo-nos. Sentir-te junto a mim é talvez das melhores recordações que guardo de tudo. Foste especial. E ainda o és.
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