sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Ondas do mar
Vais. Vens. Nunca ficas. És como uma onda do mar inquieta, em constante vaivém. E como uma onda do mar, ocultas retalhos perdidos, aqui e ali. Esforço-me por tentar encontrá-los todos, mas nunca conseguirei reuni-los na sua totalidade e juntá-los de forma a que façam finalmente algum sentido. E então fico aqui, ancorada na praia, a ver-te partir para logo depois regressares. É apenas isto que posso fazer: observar-te. Nada mais. Sabes, o meu amor por ti esbate a linha do horizonte que vejo daqui. Todos estes grãos de areia testemunham as minhas tentativas infrutíferas para não verter lágrimas, mas enfim, são tentativas infrutíferas. Fico aqui sentada, agarrada às memórias que se empilharam na minha alma, esmiuçando-as procurando encontrar as que valeram a pena. Anoitece a pouco e pouco, vejo o sol pôr-se e recordo outros finais de tarde passados aqui mesmo, contigo. Antigamente as coisas eram diferentes, agora tudo se transformou. Levanto-me, olho mais uma vez o mar, e fico parada, abstracta relativamente a tudo à minha volta. Apercebo-me de que as memórias não te trazem de volta, não mudam nada. Apenas fazem perdurar um pouco mais a ilusão em que me deixei entrar. Caminho, solitariamente, sem nunca deixar de olhar estas ondas intermitentes, sem nunca deixar de pensar que agora é o momento de retornares à minha vida.
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