sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Esquecer

“ – Eu só queria que me esquecesses”. Tens noção que é talvez o pedido mais impossível de concretizar que já alguma vez me fizeste? Tu não tens de facto consciência de todo o amor que nutro por ti. Não fazes ideia o quanto magoa saber que não te posso ter, apesar de toda a luta que empreendi durante todo este tempo. Sabes, depois de tudo o que se passou connosco e depois de ver que nenhum resultado obtive, dá vontade de deixar de lutar, de deixar de construir algo que nunca estará edificado. Às vezes gostava de poder acreditar que nada é como eu penso, que poderemos um dia vir a ser algo mais, que já não existem mais barreiras para transpor. Mas é impossível eu crer em tais coisas. Eu observo tudo à nossa volta, e tento compreender tudo o que nos envolve e retiro daí todas as induções que preciso para perceber tudo. Ou quase tudo. E percebo que falhámos em muita coisa. Gostava de ter o poder de alterar tudo, de sair ilesa de todas estas histórias, mas não sou capaz. Por mais que eu seja forte, por mais que eu me previna, por mais que eu tente esquecer, há demasiadas coisas a magoarem-me e a manter-me agarrada a tudo isto. Eu tento acreditar nas tuas palavras, mas surgem sempre todas aquelas dúvidas persistentes que destronam todas as certezas que eu tão arduamente adquiro. E tu não ajudas, sabes? Enfim, são demasiadas as coisas erradas que persistem em pairar ao nosso redor. E acho que nunca nos iremos livrar delas. Eu gostava de conseguir fazer o que me pedes – esquecer – mas não sou capaz. Não agora. Não depois de tudo. Um dia, quem sabe, o tempo passe uma borracha nesta nossa parte da história e consigamos ser apenas os “amigos normais” de que falas. Mas isso apenas um dia, porque agora os sentimentos estão demasiado insolúveis para se deixarem anular.

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